Texto  originalmente publicado no blog do Cinecom

Peaky Blinders é uma série de TV britânica da BBC que estreou em 2013. A série conta a história de uma família de gangsters de Birmingham, Inglaterra, após a Primeira Guerra Mundial e é inspirada em uma família que realmente existiu.

A história narrada é dos Shelby, uma família de origem cigana envolvida em apostas e outras atividades ilegais. Peaky Blinders possui cinco temporadas cercadas de problemas com autoridades, uso de drogas e álcool, mortes e reviravoltas, sendo quatro dessas disponíveis na Netflix. 

A família Shelby é composta de Polly Gray (Helen McCrory), tia dos irmãos Shelby e responsável pela tesouraria de seus ‘negócios’; Tommy Shelby (Cilian Murphy), líder dos Peaky Blinders e dos negócios da família; Arthur Shelby (Paul Anderson), o irmão Shelby mais velho e violento da família; John Shelby (Joe Cole), é o terceiro irmão Shelby; Ada Shelby, a única irmã e no começo da série não está envolvida com os Peaky Blinders; Finn Shelby (Harry Kirton), o mais novo da família, começa a série como uma criança e desde então já está inserido em meio a gangue. Outro membro da família Shelby  integra os Peaky Blinders posteriormente e se destaca, ele é Michael Gray (Finn Cole), filho de Polly que havia sido levado da mãe quando criança e que atua diretamente na contabilidade da família. Ao longo da série aparecem outros membros da família, mas de forma secundária e pontual. 

A narrativa de Peaky Blinders chama atenção por misturar ficção e realidade. Em meio a uma história fictícia, mas baseada em fatos reais, estão expostos também questões vividas na Inglaterra dos anos 20 – como greves, ameaça comunista e fascista, Guerra Civil irlandesa e Quebra da Bolsa de Nova Iorque em 1929. O contexto é fielmente recriado por meio dos cenários em que se passa a trama e os figurinos dos personagens, que traz elementos individualizantes. A parte atual da série está na trilha sonora, composta majoritariamente de bandas e artistas atuais, como Black Sabbath e Artick Monkeys.

Os Shelby são de origem cigana e por isso marginalizados e vítimas de preconceito. Eles moram inicialmente em uma região pobre de Birmingham, chamada Small Heath, vivendo de apostas e outras atividades ilegais e cometendo pequenos crimes, mas a família se destaca do resto das pessoas da região pelo poder que possuem, garantido por meio da violência, e pelas roupas que utilizam. Apesar de sua origem, eles vestem roupas muito bem cortadas e ajustadas em seus corpos, como coletes e sobretudos, mas seguem utilizando boinas que são típicas de trabalhadores. Daí é que surge esse nome: peaky é o nome dada ao tipo de chapéu que eles usam e blinder significa quem se veste de forma elegante. Além disso, é no chapéu usado pelos membros da gangue que está a sua marca, lâminas costuradas que são usadas como armas para cegar inimigos. 

Além da trilha sonora, do figurino e da história, essa série tem personagens que conquistam a audiência. Os personagens principais são complexas e carregadas de traumas, sejam eles causados pela guerra, como Tommy ou Arthur, ou pela estrutura familiar e contexto em que estão inseridos, como Polly. Durante os episódios somos constantemente surpreendidos pelas atitudes desses personagens e pelas consequências delas. Tommy, o líder e o protagonista, é um personagem imprevisível e extremamente poderoso e influente, a ponto de toda sua família obedecê-lo e se sacrificar por ele e pelos negócios que possuem.

Peaky Blinders traz ação, drama, intrigas e até um pouco de romance de forma complexa e muito bem feita. A história da família Shelby é uma trama cuidadosamente contada, que prende quem assiste um episódio do início ao fim – mesmo com episódios de quase uma hora de duração. É uma série para quem quer mergulhar no contexto de uma família de gangsteres em Birmingham nos anos 20 e não se assusta com as mortes nem com as muitas negociações entre os Shelby, outras gangues e órgãos do Governo inglês. 

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